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Fusões e aquisições devem ser recorde no País

Em 2010, de acordo com levantamento da KPMG, número de operações pode superar o de 2007, ano histórico do setor

Autor: Aiana FreitasFonte: Estadão

O anúncio da compra de 40% da gestora de recursos Pátria Investimentos pelo americano Blackstone Group, no fim de setembro, evidencia um movimento que deve fazer de 2010 um ano recorde na quantidade de fusões e aquisições realizadas no País. O aumento no número de transações lideradas por companhias estrangeiras comprando empresas brasileiras deve fazer com que o total ultrapasse o registrado em 2007, quando foram realizadas 699 operações. A tendência, que já vinha se firmando desde o começo do ano, mostra-se mais certeira diante dos dados do terceiro trimestre coletados pela consultoria KPMG e divulgados com exclusividade pelo Estado.

De acordo com a pesquisa, 180 operações foram feitas no País no terceiro trimestre do ano. Desse total, 57%, ou 102 operações, foram lideradas por empresas brasileiras. As outras 78 foram compras feitas por companhias estrangeiras.

No balanço parcial do ano, entre janeiro e setembro foram registradas 531 transações - na comparação com o mesmo período de 2009, quando foram fechadas 316 transações, o aumento é de 63%. Trata-se de um movimento natural se for considerado o fato de que o primeiro semestre de 2009 ainda sofria as consequências da crise financeira mundial, analisa Luis Motta, sócio da área de Fusões e Aquisições da KPMG e responsável pelo estudo. "Este ano temos uma perspectiva de crescimento de 7% a 8% na economia. Num cenário assim existem possibilidades muitos maiores de investimentos de médio e longo prazo no País, e as aquisições não deixam de ser uma forma de investimento", explica.

No começo de 2010, diversos investimentos que estavam previstos para 2009 e tinham sido postergados por causa da crise foram efetivamente definidos, o que explica as quantidades recordes de transações registradas no primeiro (160) e segundo trimestres (191). Apesar da ligeira queda registrada entre julho e setembro (180 operações no total), a expectativa para o quarto trimestre é positiva porque, desde o momento em que começam a ser negociadas, as transações levam de seis meses a um ano para serem fechadas. E a motivação atual para se fechar uma compra ou uma fusão é bem maior do que no começo deste ano, quando as negociações tiveram início e a perspectiva de crescimento da economia era menos otimista. Os resultados, portanto, tendem a ser ainda mais positivos.

Private equity. Os dados da KPMG mostram um mercado interno extremamente aquecido. Do total de 531 operações feitas neste ano, 244 consistiram na compra de empresas brasileiras por companhias igualmente nacionais. Esse movimento tem sido predominante nos últimos anos. "Apesar da relevância do número de aquisições lideradas por empresas brasileiras este ano, o apetite dos brasileiros não seria suficiente para quebrar o recorde de 2007. O diferencial deste ano será a presença de estrangeiros fazendo aquisições aqui no País", acredita Motta. Até agora, ao longo de todo o ano, já foram registradas 125 operações de empresas estrangeiras comprando brasileiras, ante as 111 registradas nos três primeiros trimestres de 2007.

As aquisições e fusões feitas por empresas do setor de private equity, como o próprio Blackstone Group, são tendência forte para os próximos meses, na análise do sócio da área de Fusões e Aquisições da KPMG. "A negociação envolvendo o Pátria é, inclusive, uma transação emblemática, já que se trata de um private equity comprando participação em outro fundo de private equity que já tem vários investimentos no País", resume. Em setembro, as gestoras Tarpon e Warburg Pincus investiram R$ 350 milhões na Omega Energia Renovável. Já o fundo Carlyle adquiriu este ano participações em empresas de setores diversos como turismo (CVC), têxtil (Scalina) e saúde (Qualicorp).

Outra operação de destaque este ano foi a aquisição, pela francesa Capgemini, de 55% de participação na brasileira CPM Braxis, por R$ 517 milhões, uma das provas de que o setor de Tecnologia da Informação permanece aquecido no País. Em agosto, outra gigante do setor, a Totvs, anunciou a aquisição da SRC Serviços em Informática, detentora da marca Datasul, por R$ 43 milhões.

Segundo o levantamento da KPMG, o segmento concentrou 72 operações nos três primeiros trimestres do ano, seguido por Alimentos e Bebidas (32) e Combustíveis (26). "No setor de TI criam-se novas tecnologias muito rapidamente, o que coloca as empresas menores no foco das grandes e faz com que elas tenham fácil acesso a fundos de venture capital e private equity", explica Luis Motta.

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